domingo, 19 de dezembro de 2010

Reflexões sobre o amor

Estátua de Ovídio em Constança/Tomis.
Começo este texto com uma assertiva: todo homem deveria ler A arte de Amar, do Ovídio. Se todos lessem esse livro, não teria que ouvir por tantas vezes a tão famosa pergunta: “Como entender as mulheres?”. Sim, sabe aquela história de que a sabedoria se encontra nas pessoas mais antigas?! Pois bem, Ovídio escreveu este livro alguns anos depois de Cristo, ainda na época do Império Romano.

Pois é, a fórmula está pronta há todos estes anos e por preguiça/desconhecimento, muitos dos homens não sabiam que os “seus problemas acabaram”.

Mas falemos sobre a obra: A arte de amar é um livrinho curto (você encontra as edições de bolso da LPM e da Martin Claret em qualquer banca de jornal - recomendo uma versão que tenha notas, pois elas ajudam a entender as refeências mitológicas), dividido em três partes – ou três livros.

O primeiro livro trata da arte da conquista. Para o autor, os homens são caçadores que devem conhecer bem a sua presa e o território em que esta presa vive para poder atingir o alvo com sucesso. Falando assim, parece uma visão bem machista, mas a verdade é que a forma com que Ovídio escreve mostra uma preocupação com o bem-estar da mulher. Um de seus argumentos está concentrado em agradá-la, vendo-a como um ser único. Neste ponto, acredito que não há mulher que discorde. Homens têm a fatídica mania de achar que todas as mulheres são iguais e que vão reagir da mesma forma. Acham que o fato de uma mulher ter respondido a um presente, a uma fala de uma forma, que todas serão assim. Mero engano. Mulheres são complexas demais para serem tratadas em massa. Na arte da conquista, o homem ganha pontos cada vez que ele percebe as nuances de quem quer conquistar (Sábio era o Ovídio que percebeu isso tão bem...).

O segundo livro trata sobre a manutenção da conquista, porque não basta só conquistar, tem que saber sustentar o relacionamento. Neste trecho, Ovídio ressalta a importância de um espírito culto. Não sei se é porque tenho este meu lado nerd – ou não – mas, concordo plenamente com ele. Como diz meu professor, Everaldo, a mulher se atrai por aquilo que ela ouve; o homem, pelo o que vê. Se um homem não tem um mínimo de cultura, não vai conseguir sustentar uma conversa – o que pode nos irritar profundamente – e, o que é pior, não vai entender o discurso da mulher. Agora lhes dou uma informação extra a tudo o que o Ovídio diz: nós, mulheres, na maior parte das vezes, dizemos as coisas nas entrelinhas. Sim, enquanto vocês, homens, são macroscópicos e já mandam as coisas na lata; nós pensamos em cada pormenor – temos uma visão microscópica – e mencionamos cada detalhe nas nossas conversas/atitudes. O problema é que, muitas das vezes, nós não explicitamos o que estamos mencionando... nós queremos que vocês percebam isso (e, na maior parte das vezes, vocês NÃO percebem).


O terceiro livro é para que nós, mulheres, saibamos como lidar com esta situação toda. O que me chama mais atenção para esta parte é o fato de o autor tratar homens e mulheres de forma igualitária. Para ele, tanto os homens quanto as mulheres sentem as mesmas vontades amorosas (com a diferença de que as mulheres sabem esconder melhor as suas necessidades – ou como eu diria, nós sabemos controlar melhor isso).


Este livro nos faz pensar em quais são as diferenças entre homens e mulheres – se é que elas existem de fato. Ultimamente fui questionada sobre a questão: mulher tradicional x mulher moderna. O que as mulheres de hoje querem de fato?! A mesma coisa que as mulheres do império romano queriam: alguém que se importe com elas. Por mais que grande parte de nós sejamos modernas e paguemos as nossas contas, nós queremos alguém quem nos convide pra sair, que diga o quanto gosta e se importa conosco. Neste ponto, somos tradicionais. Neste ponto, concordamos com a “caça” de que fala Ovídio.


Para finalizar, quero repetir aqui uma citação que já havia postado aqui, na época em que li este livro:

"Cabe ao varão começar, fazer as súplicas, e a ela acolhê-las. Queres tê-la? Pede. Ela espera por isso. Conta-lhe a causa, a origem do teu desejo. Era Júpiter quem abordava as heroínas lendárias suplicando-as; nenhuma foi provocá-lo, apesar do seu poder"
(Ovídio, poeta romano, em A arte de Amar)


 

Um comentário:

  1. Nunca tinha visto esse livro, achei muito interessante, vou dar uma olhada na banca perto de minha casa rsrs
    Eu acho q a diferença mais básica entre homem e mulher é na nossa fisiologia mesmo, no nosso instinto. A mulher é bem menos imediata que o homem, o homem é bem mais ansioso. Ambos temos mentes complexas, mas não sei se é pela pressão da sociedade ou pelo machismo mesmo, os homens geralmente são mais simples de adivinhar, como exemplo, futebol e mulher, são duas coisas q é óbvio q não são todos os homens brasileiros q gostam, mas é uma parte tão grande deles q eu não consigo pensar em duas outras coisas para as mulheres q seriam aceitas na igual proporção. Estou lendo um livro q em contrapartida com esse q vc citou q fala sobre o amor, o livro q estou lendo fala sobre sexo, não sei se vc já leu, ele se chama A casa dos budas ditosos. Esse livro não só fala sobre sexo de uma forma q ainda é tabu na nossa sociedade atual, como também faz reflexões mediante a situação da mulher com relação a aos preconceitos da sociedade q eu considero espetaculares. A autora (o livro na verdade foi escrito por um homem, mas o que ele fez foi só datilografar e organizar o depoimento de uma mulher)diz q nem é tão certo dizer q a mulher sofreu uma tirania esses anos todos, já q o homem foi e ainda continua sendo oprimido pelo seu próprio machismo, pois ele deu regras ao comportamento masculino q nenhum homem ousa quebrar, como exemplo, um homem nunca pode recusar uma mulher, a não ser q seja artista o bastante para dar um bom motivo para tal. Enfim, não vou explicar com detalhes pq esse meu comentário já está ficando bem estendido, afinal é um assunto polêmico, mas fica aí minha recomendação. Abraços!

    http://insanamentehumano.blogspot.com

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Algumas Observações | Ano 17 | Textos por Fernanda Rodrigues. Tecnologia do Blogger.